domingo, 3 de maio de 2009

Cianotipia


fotograma em cianotipia: folhas de tomateiro.

Foi um dos primeiros processos de impressão fotográfica em papel. Foi descoberta por Sir John Herschel, notável cientista, cuja atividade principal era a astronomia.

A cianotipia tem este nome porque as imagens assim produzidas apresentam-se em azul (cian). Isto acontece pelo fato de se basear em sais de ferro e não prata. Também é conhecida como ferroprussiato ou "Blueprint".

Não é um processo para produzir negativos, mas cópias em papel. A emulsão é muito lenta e, por causa disso, é impraticável ampliar negativos sobre papel. A cópia é obtida por contato, numa prensa especialmente construída (veja abaixo como se faz), embaixo de uma luz rica em UV, podendo ser a própria luz do sol. Nesse caso, a impressão pode demorar de 5 a 30 minutos, dependendo da densidade do negativo e do dia, se esolarado ou nublado. Após o tempo de exposição, a folha de papel é lavada em água corrente por alguns minutos e, ao secar, a imagem adquire tons azuis bem saturados.
Para escurecer mais o azul, caso queira-se aumentar ainda mais o contraste, com um pincel de esponja aplica-se água oxigenada 10 volumes (destas que se usa em curativos). Esta aplicação causa uma reação imediada e deve ser feita logo após a revelação em água, com o papel ainda bem molhado. Em seguida, um rápido enxágüe e está pronto.



Emulsão
Fórmula:
Ferricianeto de Potássio – 10 gramas diluídos em 100 ml de água.
Citrato Férrico amoniacal – 25 gramas para 100 ml de água.

Os dois sais depois de diluídos são guardados separadamente em frascos escuros, devendo ser misturados somente na hora de emulsionar as superfícies, em partes iguais e em pequenas quantidades. Os sais que compõem a emulsão sensível são: citrato de ferro amoniacal e ferricianeto de potássio, devendo ser dissolvidos de preferência em água destilada.

Não são produtos perigosos, mas aconselha-se a apresentar os papéis já emulsionados para as atividades com crianças até 12 anos. Para adolescentes o preparo das folhas, pincelando sobre as mesmas a emulsão fotosensível, constitui uma emoção a mais na atividade.

Negativos
Pode-se trabalhar fotogramas em cianotipia. Para isso basta colocar objetos de diferentes formas e tamanhos como pregos, porcas, arruelas, clips, parafusos, etc. sobre a folha de papel emulsionada e levá-la para exposição ao sol e em seguida levar para o banho de revelação. Os resultados são surpreendentes! Caso se queira reproduzir fotografias utilizando o mesmo processo, necessitaremos de um negativo da imagem desejada impresso sobre uma transparência. Isso, hoje em dia é muito fácil de se conseguir: basta digitalizar a foto utilizando-se qualquer programa de edição de imagens, transformá-la em tons de cinza, ou seja, preto e branco, melhorar o brilho e contraste, caso seja necessário e invertê-la, isto é, transformá-la em uma imagem em negativo. Depois disso, imprimi-la sobre uma transparência, que é uma folha feita de acetato e preparada para receber impressão. Encontra-se em qualquer papelaria. Este negativo possibilitará inúmeras cópias, tanto em cianotipia quanto nas demais técnicas que serão apresentadas neste blog. Por isso deve-se cuidar que o mesmo seja sempre bem acondicionado, evitando-se assim que se arranhe, pois deve sempre estar pronto para ser utilizado.

Os negativos a serem impressos por cianotipia devem ter um bom contraste porque a emulsão, embora lentíssima, tem uma gradação muito suave.

Preparo do Papel
Aplica-se a emulsão, que é líquida, sobre o papel utilizando-se um pincel chato macio. Deve-se espalhar uma camada homogênea de emulsão, puxando bem o pincel a fim de evitar o acúmulo de lúquido em algumas regiões da folha, pois isto causa manchas no trabalho final.

Em princípio, qualquer papel serve, desde que não seja ácido. O CANSON 180g, usado em nossa oficina apresenta bons resultados. Há papéis importados e feitos para “técnicas molhadas”: gravura e aquarela, que apresentam resultados excelentes. Exemplo: MONTVAL, ARCHES, FABRIANO. etc. Querendo-se obter uma qualidade ainda maior, o papel antes de receber a emulsão, deve ser banhado numa solução de amido ou gelatina e posto a secar. Assim a solução sensível não é absorvida a fundo pelas fibras do papel, conferindo às cópias uma textura aveludada e homogênea.
Você sabia?
Provavelmente o primeiro livro de fotografia registrado foi feito com cianotipia. Em 1843, na Inglaterra, por Anna Atkins, botânica inglesa. Foi ela a primeira pessoa a perceber potencial da fotografia em trabalhos cientificos.


Anna Atkins em seus estudos editou o livro "Photographs of British Algae: Cyanotype Impressions", depositando seus espécimes sobre folhas de papel sensibilizadas com cianotipia e fazendo cópias de contato.

2 comentários:

  1. Adalberto, coloquei tua página como link na postagem do blog da minha turma de fotografia, que fez cianotipia esta semana. Abraços

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  2. Olá! Adorei!! Mas gostaria de saber se o processo sobre tecido é o mesmo. Saberia ou poderia me ajudar?
    Abraço

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